Os fungos aquáticos têm um papel chave no processo de decomposição da matéria orgânica nos ribeiros. Dada a sua importância é fundamental perceber o impacto das alterações climáticas na sua diversidade e atividade, e se uma menor diversidade de fungos é capaz de assegurar o funcionamento dos ecossistemas ribeirinhos.
A – Os ribeiros estão geralmente rodeados por vegetação ribeirinha que impede a chegada da luz solar à água, dificultando a atividade fotossintética dentro do ribeiro. Nestes rios, são as folhas que caem da vegetação ribeirinha que fornecem os nutrientes e a energia que suporta a rede alimentar aquática. Os fungos aquáticos, em especial os conhecidos por hifomicetos aquáticos, produzem esporos assexuados com formas sigmoides e multirradiadas que se dispersam na água e colonizam as folhas. Ao crescerem nas folhas, os fungos produzem enzimas, que quebram os compostos da parede celular vegetal, e aumentam o valor nutritivo das folhas que servem de alimento a invertebrados detritívoros; os quais, por sua vez, alimentam outros organismos da rede alimentar. A diversidade de fungos tem um efeito positivo na decomposição das folhas que entram nos rios. Isto devido a interações de complementaridade e à maior probabilidade de comunidades mais diversas conterem espécies mais produtivas.
B – As alterações globais são uma ameaça para a biodiversidade e, consequentemente, para os ecossistemas. Até ao final do século, para climas mediterrânicos, prevê-se um aumento da temperatura até 4ºC, um aumento da concentração de nutrientes nos rios, e um aumento dos períodos de seca, passando rios permanentes a ter um regime intermitente e rios intermitentes a secar completamente. É possível que observemos uma perda de espécies ou alteração na composição das comunidades, com aparecimento de espécies melhor adaptadas às novas condições. Dado o papel chave dos fungos aquáticos no processo de decomposição da matéria orgânica nos rios, é fundamental perceber o impacto das alterações globais na sua diversidade e atividade, e se uma menor diversidade de fungos é capaz de manter o processo de decomposição e assegurar a reciclagem dos nutrientes e da matéria orgânica nos ecossistemas ribeirinhos.
Autoria
Conceção da ideia e execução gráfica: Diana Graça
Composição do texto: Diana Graça, Isabel Fernandes, Fernanda Cássio, Cláudia Pascoal
Revisão científica: Isabel Fernandes, Fernanda Cássio, Cláudia Pascoal
Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Universidade do Minho
Ficha técnica
Todos os elementos são originais e foram construídos no Microsoft Powerpoint 365. O trabalho está associado ao projeto STREAMECO: Biodiversity and ecosystem functioning under climate change: from the gene to the stream (PTDC/CTA-AMB/31245/2017) e à tese de doutoramento desenvolvida pela Diana Graça e financiada pela FCT (SFRH/BD/140761/2018).
Este trabalho recebeu uma menção honrosa na 1ª edição do concurso “Comunicação de Ciência em Microbiologia”, na categoria “Público Geral”
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