Sabia que os microrganismos que vivem no seu corpo podem interferir no processamento dos medicamentos que toma e causar-lhe efeitos secundários?
Na bula de cada medicamento existe uma lista de efeitos secundários que podem surgir após a sua toma. Alguns destes efeitos são raros, afetando apenas um em cada 10 000 indivíduos. Outros são bem mais comuns, aparecendo em uma em cada 10 pessoas. Mas, porque é que uma percentagem da população é afetada e outra não? Parte da resposta reside na nossa microbiota: o conjunto de organismos microscópicos que vivem habitualmente no corpo humano. Cada indivíduo serve de hospedeiro a milhões de microrganismos, que se distribuem sobretudo pela sua pele, nariz, boca, sistema digestivo e vagina. Diferentes pessoas possuem diferentes espécies de microrganismos e em diferentes quantidades. Basicamente, a nossa microbiota é como uma impressão digital: não existem duas iguais! Algumas espécies de microrganismos que se encontram no nosso intestino têm uma característica especial: a capacidade de interferir com o processamento dos medicamentos que tomamos. Dependendo das espécies e do fármaco em questão, isto pode causar a diminuição da eficácia do medicamento ou pode torná-lo mais tóxico para o nosso organismo. Isto pode levar ao aparecimento de efeitos secundários, sendo que os indivíduos que têm mais microrganismos com esta capacidade estão sujeitos a desenvolver sintomas mais intensos. Por exemplo, alguns microrganismos são capazes de interagir com o irinotecano, medicamento utilizado no tratamento do cancro do cólon, levando ao aparecimento de efeitos secundários como a diarreia severa. Mas a composição da nossa microbiota não é o único fator que influencia o aparecimento de reações adversas. A nutrição, os genes e a idade do indivíduo são outras das razões que explicam a ocorrência destes efeitos. Da próxima vez que ingerir um medicamento e sentir sintomas indesejados, já sabe: a culpa pode ser dos seus “micro-inquilinos”!
Autoria
Conceção da ideia: Cátia Gonçalves e Sofia Oliveira
Execução gráfica: Sofia Oliveira
Composição do texto: Cátia Gonçalves
Universidade de Manchester e Universidade do Porto
Ficha técnica
Todos os elementos são originais. Trabalho digital recorrendo ao software Adobe Illustrator 2020.
Este trabalho recebeu uma menção honrosa na 1ª edição do concurso “Comunicação de Ciência em Microbiologia”, na categoria “Público Geral”
Deixe uma Resposta